domingo, 14 de agosto de 2011

Melancolia




Pergunto-me se é possível assistir ao filme de Lars Von Trier e permanecer imune a sensação de melancolia. Particularmente, conheço pouco da carreira do diretor dinamarquês, e por isso não me atrevo a localizar o filme no conjunto de sua obra, ou mesmo esboçar comparações com seu antecessor, o polêmico e intenso Anticristo. Obviamente seria muito difícil dissociar completamente artista e obra, inclusive porque uma carrega fios de continuidade com as anteriores, de alguma forma, mas o que mais me interessa e atrai é justamente um aspecto que as diferencia absurdamente. 

Em Melancolia, somos FORÇADOS a ser cúmplices das personagens. Não importa se nos identificamos ou não com a depressiva e desajustada Justine, ou com sua irmã, a controlada Claire, somos todos atingidos. Podemos não concordar com a perspectiva pessimista diante da sociedade e do próprio planeta, de que todos são maus. Mas pra mim a questão não é essa, a questão é expressar e provocar uma compreensão até mesmo sensorial de um estado de espírito muito complexo e difícil de entender, que é o estado depressivo. O desespero em não encontrar nenhum prazer em viver ou morrer, aparentemente sem nenhuma explicação racional. Esse feito é obtido através de uma composição belíssima de cenas, como as cenas iniciais que remetem a pinturas, a música de Wagner (Tristão e Isolda) e também da própria construção do enredo e das personagens, em especial as duas protagonistas, e a desconstrução dos rituais e das relações familiares que são a base da história, que embora não pretendam explicar a angústia ou retratar fielmente a sociedade, 
apontam respostas importantes. 




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